Existem outras explicações, mas nessa vou dar ênfase em um componente pouco falado do nosso aparato psicológico.
Pode parecer estranho, mas o motivo é que você pode estar se colocando voluntariamente em situações de dissonâncias cognitivas.
Em outras palavras, estar assim é equivalente a você viver a vida de forma contrária àquilo que sua consciência te mostra ser o certo.
Nós, seres humanos, temos um mecanismo interior, uma espécie de guia interno, que nos serve como bússola, chamado consciência. É ele que nos auxilia a ter noções claras de que podemos fazer algumas coisas e outras não.
Quando essa bússola interior está descalibrada, é preciso fazer o ajuste dela, para que ela não nos leve para direções erradas. Então, da mesma forma é nossa consciência, que volta e meia, precisa de uma “calibragem” com relação à noção de certo e errado.
Quando, voluntariamente, escolhemos caminhar contra a direção do “norte” que a “bússola” interior nos aponta (simbolizando o certo a ser feito), geramos em nós um desconforto cognitivo e emocional intenso.
A insistência em permanecer e seguirmos voluntariamente na direção oposta àquela que a “bússola” apontou, faz brotar uma ansiedade que não passa.
Por sabermos, intimamente, que estamos na direção errada, podemos assumir, facilmente, o papel de juízes de nós mesmos.
Dentro dele, a ansiedade dá uma piorada significativa. E o motivo continua sendo o mesmo: a escolha voluntária de permanecer no erro associada a autocondenação de quais “castigos” merecemos por tal rebeldia.
Esse é o clássico sentimento de “se sentir mal consigo mesmo”. Ele surge quando sentenciamos para nós aquilo que merecemos. Isso gera uma imagem negativa de si. E ninguém se sente bem em ver que a sua própria imagem está ruim.
E um agravante ainda maior: se alguém resolve se instalar no lugar de ser um rebelde (sem causa), e continua caminhando na direção contrária ao que mostra a sua “bússola interna”, com atos cada vez mais intencionais, provocativos e autodestrutivos de ser oposição à sua própria consciência, a ansiedade tende a só piorar, cada vez mais.
Como a bússola nunca vai mudar as suas coordenadas para admitir que o caminho errado, agora é o certo; esse desconforto cognitivo e emocional durará, até o momento em que a pessoa decidir caminhar na direção correta apontada por ela.
Se a pessoa não mudar de rota e direção, ela vai continuar sentindo ansiedade. E para aliviá-la, vai querer buscar mecanismos de compensações emocionais e psicológicas temporárias.
Algumas pessoas se tornam dependentes psicológicos das medicações, sem querer tratar a causa do desequilíbrio. Outras, consomem substâncias químicas. Outras, aderem a tecnologias escapistas. Outros, descontam na comida. Outros, em jogos. E por aí vai.
Já outros, buscam tratamento. Sair dessa dissonância cognitiva em que nos colocamos sozinhos, às vezes é possível.
Porém, é sempre importante lembrar que pensar em pedir ajuda, caso esteja muito difícil saber identificar quais são os pontos-chave destrutivos, é necessário para conseguir ter clareza daquilo que incomoda, e para conseguir traçar uma nova rota e sair desse desconforto insuportável.
E o grande segredo, para conseguir aliviar essa ansiedade crônica em si mesmo é estar convicto de seguir a direção correta apontada pela sua própria “bússola interior”, ou seja, seguir os conselhos de sua própria consciência naquilo que, lá no fundo, você sabe ser o certo a ser feito na sua vida.
Não há dinheiro que compre, ou remédio capaz de gerar, a sensação de estar profundamente em paz com sua própria consciência.
E você, está?
Guliver Nogueira