Como identificar estratégias de manipulação?

Existem pessoas ao seu redor que gostam de distorcer e relativizar a realidade. Mesmo que a realidade não seja relativizável, elas tentam mesmo assim.

A forma que algumas dessas pessoas preferem fazer é assim: aprendem discretamente a observar e coletar informações sobre suas dificuldades e imperfeições humanas. Depois, pegam esses defeitos normais no ser humano, dão destaque cinematográfico a eles, criam um discurso bem negativista e descritivo sobre você e suas atitudes na tentativa de transformar você em um monstro, e insistem nessa estratégia até vencer pelo cansaço, tomando sempre como base, os seus defeitos manifestos pela convivência diária. 

A verdade é que o “defeito” em si não mataria ninguém quando é manifesto. Apenas geraria um certo desconforto temporário ao se vivenciar a situação. O defeito em questão não traria trauma a ninguém, igual aos traumas de alguém que viveu em um campo de concentração ou na guerra. Na presença do defeito, não há ameaça à vida e nem à sobrevivência.

Apenas pode ocorrer uma ameaça ao hábito de sentir um sentimento específico, quando a pessoa deixa de se comportar de certa maneira para se comportar de outra maneira diferente, devido ao contexto que o obriga a adaptar suas atitudes. Se alguém precisa trabalhar, ela não conseguirá dar atenção o tempo todo para alguém ao celular, pelo WhatsApp, com a pessoa com o qual namora, o que faz a pessoa deixar de sentir alegria que está acostumada, para sentir frustração pela falta de atenção temporária. Nesse contexto, dar atenção contínua ao amor da sua vida enquanto se trabalha, pode gerar muitos problemas no trabalho.

A estratégia de manipulação emocional é a seguinte: a pessoa acaba descobrindo que quando ela afirma ter visto você fazer algo (que é normal) e ela define aquilo como sendo anormal, você começa a reagir com argumentos para tentar convencê-la do contrário, através de explicações lógicas e racionais. A pessoa, ao ver isso, percebe que você está inseguro(a) por tentar provar com argumentos que a realidade está sendo distorcida. Na cabeça dela, ela sente que já foi colocada no posto de que está com a razão e, você, no posto de quem está errado e que precisa se explicar. A clássica desconfiança.

Alguém, quando resolve manifestar desconfiança diante da realidade vivida e narrada pelo outro, é capaz de despertar no outro um certo desespero e insegurança para provar que a história que ele conta é verdadeira. Quando o outro começa a ficar agitado e implorando para que acreditem nele, isso gera em quem desconfia, a sensação de poder de controle do seu estado emocional: somente se ele acreditar em você, você irá se acalmar e ficar tranquilo(a). Se ele manter a desconfiança, você se afeta emocionalmente. Para o manipulador, pouco importa se algo é verdade ou não. O que importa é sua reação.

O que você não vê é que a pessoa está com a intenção proposital de desconfiar de você para conseguir te manipular. E ela vai ser persistente contigo: se ela não ficar fixada na desconfiança, ela vai ficar fixada em seu comportamento “defeituoso”, vai descrever você e sua personalidade como se você fosse um criminoso, vai reagir com reações emocionais exageradas e desequilibradas, como se você tivesse acabado de cometer um ato cruel e assustador com ela, tudo para te deixar frágil emocionalmente perante o desequilíbrio emocional que ela te mostra. Tudo teatro. 

Daí, para você não ver ela se desequilibrando, você passa a adotar a visão dela como sendo verdadeira, desiste de questionar as descrições distorcidas dela, e passa a querer saber o que ela quer que você faça, para ela acreditar em você. Quando você chega nesse estágio, ela conseguiu instalar na sua cabeça, com sucesso, o mecanismo de manipulação emocional e psicológica. Esse mecanismo terá sempre como objetivo: ela estar sempre certa e você, errado(a), mesmo que a realidade mostre o contrário.

Lembre-se: a intenção dessas pessoas é manipular, controlar, fazer jogos psicológicos contigo para conseguir transformar você em um capacho, que deverá satisfazer a vontade do outro, sempre, sob o risco de o desequilíbrio dela aparecer de novo. Eles nunca querem ser sensatos, aderir à verdade dos fatos, à realidade, admitir seus erros, etc. O desejo é único: manipulação e controle. E para manipular, usa de várias artimanhas: distorcer, relativizar, fazer chantagem emocional, descontrolar emocionalmente, colocar sentimento de culpa no outro, entre outros.

A dica é simples: saiba identificar muito bem essas pessoas e tente se afastar ao máximo, caso seja possível. Se não for, aprenda ferramentas e estratégias capazes de te deixar hábil de escapar dessas armadilhas de manipulação.

E você, já conviveu com alguém tão manipulador(a) assim?

Escrito por Guliver Nogueira (03.10.2021)

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